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Uma mente brilhante
Sylvia Nasar
Tradução: Sérgio Moraes Rego
Título original: A beautiful mind
Editora Record, 2002
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Uma mente brilhante
Sylvia Nasar
Tradução de Sergio Moraes Rego
Edição Editora Record
Rio de Janeiro
São Paulo
2002
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
Nasal, Sylvia
N19m
Sylvia Nasar; tradução de Sergio Moraes Rego. — Rio de Janeiro: Record,
2002.
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Tradução de: A beautiful rnind
Inclui bibliografia
ISBN 85-01-06225-1
1. Nash, John E, 1928- — Biografia. 2. Matemáticos —Estados Unidos —
Biografia,
3. Esquizofrenia. I. Titulo.
02-0162
CDD — 925.1
CDU —92 (NASH J. F.)
Título original em inglês A Beautiful Mind
Copyright C 1998 by Sylvia Nasar
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou
transmissão de partes deste livro através de quaisquer meios, sem prévia
autorização por escrito. Proibida a venda desta edição em Portugal e resto
da Europa.
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que se reserva a propriedade literária desta tradução
Impresso no Brasil
ISBN 85-01-06225-1
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20922-970
EDITORA AFILIADA
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Sinopse da editora:
"Uma Mente Brilhante" é o relato da conturbada trajetória de John Forbes
Nash Jr., Prêmio Nobel de Economia de 1994, que no auge do seu sucesso,
aos 31 anos, vê sua genialidade corroída por surtos persecutórios,
provenientes de uma esquizofrenia paranoica. Neste livro, Sylvia Nasar
reconstitui a luta deste gênio dos números para recobrar sua sanidade.
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Para Alicia Esther Larde Nash
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“Houve uma outra corrida e outras palmas se ouviram.
Graças ao coração humano segundo o qual vivemos,
Graças a sua ternura, suas alegrias, e medos,
Para mim a mais ínfima das flores que surge pode trazer
Pensamentos que muitas vezes ficam profundos demais para lágrimas.”
- WILLIAM WORDSWORTH, ”Intimations of Immortality”
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Prólogo
“Onde, de pé, se erguia a estátua
De Newton com seu rosto prismático, silencioso,
O sinal de mármore de uma mente eternamente
Viajando por estranhos mares de Pensamento, solitário.”
- WILLIAM WORDSWORTH
JOHN FORBES NASH, JR. - gênio matemático, inventor da teoria do
comportamento racional, visionário da máquina pensante — estivera
sentado com seu visitante, também um matemático, durante quase meia
hora. Era a tardinha de um dia de trabalho da primavera de 1959, e, embora
ainda fosse maio, fazia um calor desconfortável. Nash estava afundado
numa poltrona num dos cantos do saguão do hospital, vestindo
displicentemente uma camisa de náilon para fora das calças sem cinto. Sua
compleição robusta estava frouxa como uma boneca de trapo; as feições
finamente esculpidas, sem expressão. Estivera fitando com olhar opaco um
ponto logo à frente do pé esquerdo do professor de Harvard George
Mackey, praticamente imóvel, exceto para afastar da testa o cabelo preto e
comprido, num movimento intermitente, repetitivo. Seu visitante sentava-se
empertigado, oprimido pelo silêncio, fortemente consciente de que as portas
da sala estavam trancadas. Por fim, Mackey não conseguiu mais se conter.
Sua voz saiu ligeiramente impertinente, mas ele esforçou-se para ser gentil.
“Como é que você pode”, começou Mackey, “como é que você pode, um
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matemático, um homem dedicado à razão e à prova lógica... como é que
você pode acreditar que extraterrestres estão lhe enviando mensagens?
Como é que você pode acreditar que está sendo recrutado por alienígenas
do espaço exterior para salvar o mundo? Como é que você pode...?” Nash
por fim levantou os olhos e fitou Mackey sem piscar, com um olhar tão frio
e desprovido de emoção como o de um pássaro ou de uma cobra. “Porque”,
disse Nash vagarosamente, com seu sotaque sulista arrastado, suave e
moderado, como se estivesse falando para si próprio, “as idéias que eu tinha
sobre seres sobrenaturais vinham a mim da mesma forma que minhas idéias
matemáticas. De modo que eu as considerei seriamente.”’
O jovem gênio de Bluefield, em West Virginia — bonito, arrogante e
bastante excêntrico —, explodiu no cenário da matemática em 1948.
Durante a década seguinte, uma década tão notável por sua suprema fé na
racionalidade humana quanto por suas sombrias ansiedades sobre a
sobrevivência da humanidade,2 Nash mostrou que era, nas palavras do
eminente geômetra Mikhail Gromov, “o mais extraordinário matemático da
segunda metade do século”? Jogos estratégicos, rivalidade econômica,
arquitetura de computadores, a forma do universo, a geometria dos espaços
imaginários, o mistério dos números primos — tudo atraiu sua imaginação
extremamente ampla. Suas idéias eram do tipo profundo e inteiramente
inesperadas, que impulsionam o pensamento científico em novas direções.
Gênios, escreveu o matemático Paul Halmos, “são de dois tipos: os que são
exatamente como nós, mas muito mais do que isso, e os que,
aparentemente, têm uma centelha humana extra. Todos nós podemos correr,
e alguns de nós podem correr a milha em menos de 4 minutos, mas não há
nada que a maioria de nós possa fazer que se compare com a criação da
Grande Fuga em Sol Menor.4 O gênio de Nash era dessa variedade
misteriosa mais frequentemente associada à música e à arte do que à mais
velha de todas as ciências. Não era apenas porque sua mente trabalhasse
mais depressa, que sua memória fosse mais firme, ou que seu poder de
concentração fosse maior. Os lampejos de intuição não eram racionais.
Como muitos outros grandes matemáticos intuicionistas — Georg Friedrich
Bernhard Riemann, Jules Henri Poincaré, Srinivasa Ramanujan Nash
primeiro tinha a visão, e somente muito depois construía as trabalhosas
provas. Mas mesmo depois de ele tentar explicar algum resultado
surpreendente, o caminho real que ele havia seguido permanecia um
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