Table Of ContentMANSFIELD PARK
JANE AUSTEN nasceu em 16 de dezembro de 1775 em Steventon, perto de Basingstoke, no
sul da Inglaterra. Sétima �lha do pároco local, ali morou até 1801, quando o pai se aposentou
e a família se mudou para Bath. Após a morte do pai, em 1805, Jane se mudou com a mãe e a
irmã; em 1809, instalou-se com elas em Chawton, perto de Alton, em Hampshire, onde
permaneceu, com exceção de algumas viagens a Londres, até maio de 1817, quando se mudou
para Winchester, a �m de �car perto de seu médico. E ali morreu em 18 de julho de 1817.
Extremamente modesta em relação ao próprio talento, de�niu seu trabalho para o
sobrinho, Edward, como “um pedaço de mar�m (cinco centímetros de espessura) que escovo
muito bem para produzir pouco efeito depois de muita labuta”. Quando era menina, escrevia
contos e paródias de romances populares. Publicou suas obras só depois de muita revisão e
viu impressos apenas quatro de seus romances: Razão e sensibilidade (1811), Orgulho e
preconceito (1813), Mans�eld Park (1814) e Emma (1815). Outros dois romances — A
abadia de Northanger e Persuasão — foram publicados postumamente, em 1817, com uma
nota biográ�ca redigida por seu irmão, Henry Austen, que foi o primeiro anúncio formal de
sua identidade como autora. Jane Austen escreveu Persuasão às pressas, em 1815-6, em
função de sua saúde precária. Deixou ainda duas obras anteriores: a novela epistolar Lady
Susan e o romance inacabado The Watsons. Quando faleceu, estava trabalhando em mais um
romance, Sanditon, do qual sobrevivem fragmentos.
HILDEGARD FEIST é formada em Letras Neolatinas pela antiga Faculdade de Filoso�a,
Ciências e Letras da USP, cursou Mass Media in Society na American University, em
Washington, DC, onde morou em 1969-70, e trabalhou durante quinze anos na extinta Abril
Cultural, redigindo e, depois, editando fascículos. Desde 1986, traduziu, sobretudo do inglês,
mas também do francês, do espanhol e do italiano, mais de cinquenta livros, a maioria sobre
história contemporânea, história da arte e história das religiões e quase todos para a
Companhia das Letras. É autora de paradidáticos sobre história da arte, publicados pela
Editora Moderna, e de adaptações de clássicos ingleses para o público juvenil, publicadas pela
Editora Scipione.
KATHRYN SUTHERLAND é professora de literatura inglesa no St. Anne’s College, em
Oxford. Publicou vários trabalhos sobre obras de �cção e não �cção do Iluminismo escocês e
do Romantismo. Suas edições incluem An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth
of Nations, de Adam Smith; Redgauntlet, The Bride of Lammermoor, de Walter Scott, e A
Memoir of Jane Austen and Other Family Recollections, de James Edward Austen-Leigh, uma
coletânea de biogra�as de Jane Austen escritas por parentes que a conheceram.
TONY TANNER foi membro do King’s College, em Cambridge, e professor de literatura
inglesa e americana na Universidade de Cambridge. Lecionou nos Estados Unidos e na
Europa, por onde viajou muito. Escreveu muitos livros, como The Reign of Wonder (1965);
City of Words (1970); Contract and Transgression: Adultery and the Novel (1980); Jane
Austen (1986); Scenes of Nature, Signs of Men (1987); Venice Desired (1992); Henry James
and the Art of Non-Fiction (1995) e The American Mystery (2000). Faleceu em dezembro de
1998.
CLAIRE LAMONT foi responsável pelo estabelecimento do texto das obras de Jane Austen
lançadas pelo selo Penguin Classics.
JANE AUSTEN
Mans�eld Park
Tradução de
HILDEGARD FEIST
Prefácio e notas de
KATHRYN SUTHERLAND
Introdução de
TONY TANNER
Sumário
Os romances de Jane Austen no selo Penguin Classics
Prefácio — Kathryn Sutherland
Introdução — Tony Tanner
Nota sobre o texto
MANSFIELD PARK
Volume I
Volume II
Volume III
Notas
Cronologia
Outras leituras
Em memória de Mary Lascelles
estudiosa de Austen
1900-95
K. S.
Os romances
de Jane Austen no selo
Penguin Classics
CLAIRE LAMONT
O texto dos romances de Austen lançados pelo selo Penguin Classics
baseia-se nas primeiras edições e foi reeditado. O texto de quatro
romances baseia-se necessariamente na primeira edição: no caso de
Orgulho e preconceito, Austen vendeu os direitos autorais ao editor
responsável pelo lançamento e não participou da preparação das duas
outras edições publicadas durante sua vida; Emma não chegou a ter
uma segunda edição na Inglaterra enquanto a autora vivia; quanto a A
abadia de Northanger e Persuasão, foram publicados postumamente.
Já Razão e sensibilidade e Mans�eld Park tiveram uma segunda
edição, da qual Austen participou. Todas as reimpressões desses
romances feitas até agora têm como base a segunda edição, mas o selo
Penguin Classics retoma o texto da primeira edição de ambos.
Os editores trabalharam com exemplares da primeira edição
gentilmente fornecidos pela Bodleian Library, de Oxford. Adotaram
uma política de intervenção mínima, limitando-se, basicamente, a
corrigir erros de pontuação e falhas que poderiam comprometer o
entendimento ou a coerência, mesmo levando em consideração o uso
histórico. Ajudou-os nisso toda uma tradição de estudos de Austen. A
primeira edição dos romances de Austen que examinou os textos
minuciosamente foi The Novels of Jane Austen, elaborada por R. W.
Chapman (Clarendon, 1923, 5 v.). Essa edição pioneira foi revisada nas
várias reimpressões, e todas as edições recentes baseiam-se no texto de
Chapman ou lhe devem algo. Os editores da Penguin trabalharam a
partir das primeiras edições, mas, ao tomar suas decisões sobre
passagens obscuras e ambíguas, tiveram em mente comentaristas
anteriores. O maior deles é R. W. Chapman, mas também houve
críticos e leitores comuns que de quando em quando questionavam
alguns trechos e sugeriam emendas.
Os romances de Austen foram publicados originalmente em três
volumes (com exceção de A abadia de Northanger e Persuasão,
lançados juntos em quatro volumes). Para sinalizar a distribuição
original dentro desta edição, o cabeçalho da página à esquerda
informa o volume e o número do capítulo da primeira edição e o
cabeçalho da página à direita traz o número do capítulo em sequência
numérica contínua.
A base bibliográ�ca desta edição é David Gilson, A Bibliography of
Jane Austen (Clarendon, 1982).
Prefácio*
KATHRYN SUTHERLAND
FANNY: “Mas deve ser porque sou diferente dos outros”.
EDMUND: “Por que você diz isso?”.
(v. II, cap. III)
Mans�eld Park é o primeiro romance que Jane Austen concebeu,
escreveu e publicou em sua maturidade. Teve início em 1813 e foi
concluído no verão. Os dois romances publicados anteriormente —
Razão e sensibilidade em 1811 e Orgulho e preconceito em 1813 —
foram concebidos na década de 1790, quando a autora tinha vinte e
poucos anos. A abadia de Northanger, publicada postumamente em
1817, também data dessa época e foi vendido à editora Crosby and Co.
em 1803. Enquanto nessas três obras, apesar da postura antijacobina,
os críticos detectaram uma nota de humor, espontaneidade e
compaixão condizente com suas origens pós-revolucionárias, os
escritos maduros de Austen no período da Regência parecem assumir
um tom mais contido, sardônico em vez de espirituoso; parecem
recomendar cautela e ponderação; parecem até encarnar um espírito
implacável. Publicado em 1814, Mans�eld Park inaugura essa mudança
e ainda inspira descon�ança em críticos e leitores que, no entanto,
acatam o que acham, ao mesmo tempo, novo e familiar em Emma
(1815) e Persuasão (1817). O programa ideológico do romance mais
cerebral e programático de Austen é opressivo e intrigante, insistente e
difícil de entender. O status problemático de Mans�eld Park —
equivocadamente rotulado como o romance mais experimental e
moderno de Austen 1— tem sido racionalizado na melhor tradição
literária inglesa: desde muito concorda-se que essa é sua obra mais
complexa e profunda e a mais difícil de se gostar.
Relato altamente moralizante de peripécias familiares, Mans�eld
Park gira em torno de poder (e impotência), de dependência (e
independência) no âmbito da família. Em alguns sentidos evidentes,
parece uma complexa continuação de Orgulho e preconceito. A
mobilidade social das irmãs Bennet — que vêm a ser um amálgama de
comércio e pequena nobreza —, em especial a fácil incorporação de
Elizabeth Bennet na aristocracia através do casamento com Darcy,
converte em comédia uma integração de poderosos e humildes que na
sombria rede de relações de Mans�eld Park por pouco não acarreta a
destruição da própria família. O romance tem início “há cerca de
trinta anos”, ou seja, por volta de 1783, quando Sir Thomas Bertram,
um baronete, de Mans�eld Park, em Northamptonshire, esposa a não
muito rica srta. Maria Ward, uma de três irmãs. Em seguida, mostra
como as irmãs se distinguem entre si por suas escolhas matrimoniais
— em desespero de causa, uma (a mais velha) se casa com um clérigo
amigo de Sir Thomas (o reverendo sr. Norris), enquanto a outra (a
srta. Frances) elege, para desagrado da família, um tenente da
Marinha sem nenhuma perspectiva de sucesso (o sr. Price). Há nessas
escolhas uma identidade entre fato e personagem típica do conto de
fadas, demonstrando que para as mulheres o casamento é
determinante. Também é signi�cativo que, embora Mans�eld Park seja
um estudo do poder patriarcal, as primeiras páginas indicam que o
poder será exercido num contexto de ascensão e queda de mulheres. O
que nos interessa no desenrolar da trama é a trajetória social e moral
da geração seguinte de mulheres, às quais a breve história das irmãs
Ward fornece alguns precedentes.
A discussão sobre a ida de Fanny Price, �lha da imprudente Fanny
Ward, para Mans�eld Park enfatiza o grau de integração que ela
poderá esperar — até que ponto sua recontextualização erradicará
suas “opiniões tacanhas” e suas “maneiras vulgares”, tornando-a
igual às primas, as jovens Bertram; e até que ponto sua desigualdade
deve ser ao mesmo tempo temida (“se ela tiver mau gênio”, v. I, cap. I)
e mantida (“como […] fazê-la lembrar que não é uma srta. Bertram”,
v. I, cap. I). Enquanto as três irmãs Ward se distinguiam apenas por
suas escolhas matrimoniais, seus �lhos devem ser cultural e
naturalmente muito diferentes entre si. Os jovens Bertram — Tom e
Description:Jane Austen’s “Mansfield Park” was published in 1814 and represents arguably the most controversial of her novels. The story revolves around Fanny Price and chronicles her life from childhood to marriage. The novel raises many questions, including whether the heroine is appalling or appealing, whether Austen a traditionalist or a feminist, if Mansfield Park is simplistic or ironic, and more. This fantastic example of classic English literature is highly recommended for all lovers of the novel form, and it is not to be missed by those who have read and enjoyed other works by this author. Jane Austen (1775 – 1817) was an English author known primarily for her novels, which critique the 18th century English upper classes and contemporary novels of sensibility. Her use of irony coupled with biting social commentary and realism have led to her wide acclaim amongst scholars and critics, her work contributing to the transition to 19th-century literary realism. Other notable works by this author include: “Sense and Sensibility” (1811), “Pride and Prejudice” (1813), and “Emma” (1816). Many vintage books such as this are becoming increasingly scarce and expensive. We are republishing this book now in an affordable, modern, high-quality edition complete with a specially-commissioned new biography of the author.