Table Of ContentCiência da Religião Aplicada
Diretores da Série:
Prof. Dr. Sérgio Rogério Azevedo Junqueira (IPFER)
Prof. Drd. Fábio L. Stern (PUC-SP)
Comitê editorial científico:
Prof. Dr. Frank Usarski (PUC-SP)
Prof. Dr. Frederico Pieper Pires (UFJF)
Prof. Dr. Eulálio Avelino Pereira Figueira (PUC-SP)
Prof. Dr. Fabio Mendia (URCI)
Prof. Dr. Clóvis Ecco (PUC-Goiás)
Prof. Drd. Matheus Oliva da Costa (EBRAMEC)
Prof. Drd. Rodrigo Oliveira dos Santos (PUC-SP)
Prof. Drd. Waldney de Souza Rodrigues Costa (UERN)
Prof. Drd. Elaine Costa Honorato (UFAC)
Ciência da Religião Aplicada
Ensaios pela autonomia e aplicação profissional
Organizadores:
Fábio L. Stern
Matheus Oliva da Costa
Diagramação: Marcelo A. S. Alves
Capa: Carole Kümmecke - https://www.behance.net/CaroleKummecke
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Série Ciência da Religião Aplicada - 1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
STERN, Fábio L.; COSTA, Matheus Oliva da (Orgs.)
Ciência da Religião Aplicada: ensaios pela autonomia e aplicação profissional [recurso eletrônico] / Fábio L.
Stern; Matheus Oliva da Costa (Orgs.) -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2018.
216 p.
ISBN - 978-85-5696-506-6
Disponível em: http://www.editorafi.org
1. Ciência da Religião; 2. Ciências sociais – Profissões e ocupações;; 3. Ensaios; 4. Sociedade; I. Título. II.
Séries
CDD: 215
Índices para catálogo sistemático:
1. Ciência da Religião 215
Sumário
Apresentação ................................................................................................ 9
Fábio L. Stern; Matheus Oliva da Costa
1 .................................................................................................................... 15
Apontamentos de análise do discurso por uma prática profissional da
ciência da religião
Alex Mendes
2 ................................................................................................................... 31
Considerações sobre a ciência prática da religião
Udo Tworuschka
3 .................................................................................................................. 63
O pesquisador como benfeitor? Reflexões sobre os equívocos da Ciência
Prática da Religião e sua alternativa
Frank Usarski
4 .................................................................................................................. 79
Ciência da Religião no Brasil: ensaio para a autonomia afirmada e a
expansão do horizonte prático de atuação
Omar Lucas Perrout Fortes de Sales; Clóvis Ecco
5 .................................................................................................................. 99
Uma experiência com palestras e cursos livres
Ricardo Assarice dos Santos
6 ................................................................................................................. 107
Cientista das religiões como profissional da área da Saúde
Ana C. Mariani; Matheus Oliva da Costa
7 ................................................................................................................. 123
Morte, religião e políticas públicas de saúde: O manejo de conteúdos religiosos
nas estratégias públicas de saúde em apoio ao enfrentamento da morte
Clarissa De Franco; Valéria Rocha Torres
8 ................................................................................................................. 149
Cientista da religião como docente para unidades de aprendizagem de
espiritualidade e saúde
Fábio L. Stern
9 ................................................................................................................. 161
Ciência da religião aplicada ao ensino religioso
Rodrigo Oliveira dos Santos
10 ............................................................................................................... 183
As conquistas da ACREPA na efetiva empregabilidade de cientistas das
religiões no Pará
Suellen de Fátima Pereira Bahia; Rodrigo Oliveira dos Santos
11 ................................................................................................................ 197
Entrevista com Fábio L. Stern, cocriador do Seminário de Ciência da
Religião Aplicada (SEMCREA)
Suellen de Fátima Pereira Bahia
Autores ...................................................................................................... 215
Apresentação
Fábio L. Stern
Matheus Oliva da Costa
Um marco na ciência da religião brasileira, essa obra
apresenta-se como um livro de ponta no cenário nacional e também
em âmbito internacional. Esse volume propõe atender a uma
demanda necessária aos formados em ciência da religião: com o quê
trabalhar uma vez que concluem o curso? Aqui foram reunidas
algumas das propostas apresentadas nas duas primeiras edições do
Seminário de Ciência da Religião Aplicada (SEMCREA), realizadas na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em março de 2017 e
março de 2018. Mas mais do que uma simples coletânea dos textos
dos anais, esse livro apresenta discussões ampliadas, já considerando
o debate que se seguiu durante as mesas.
A distinção entre ciência base e ciência aplicada remonta a
origem das universidades medievais, e muito poderia ser dito sobre
isso. Aos propósitos dessa introdução, citamos Roll-Hansen, cujo
texto Why the distinction between basic (theoretical) and applied
(practical) research is important in the politics of science1 apresenta
importantes contribuições ao tema aqui proposto. Como pode ser
notado já no título, os adjetivos “aplicada” e “prática” são sinônimos2
1 “Por que a distinção entre pesquisa básica (teórica) e aplicada (prática) é importante na política da
ciência”, em português.
2 Há alguns autores que discordam que “ciência prática” e “ciência aplicada” sejam sinônimos. Um
exemplo pode ser encontrado nesse livro. Em seu capítulo, Frank Usarski defende apenas a utilização
do termo “ciência aplicada”. Embora não seja mencionado no texto de Usarski, o termo ciência
prática da religião também foi utilizado pela teologia europeia visando o missionarismo e
proselitismo religioso, motivo pelo qual alguns autores internacionais desgostam do termo.
10 | Ciência da Religião Aplicada
para se qualificar o tipo de ciência que busca produzir soluções e
ações, uma visão interessante para se entender o debate proposto por
alguns autores aqui presentes. Roll-Hansen comenta que há uma
tendência mundial – não apenas em nossa disciplina, mas na ciência
como um todo – em delegar ao segundo plano a distinção entre
ciência prática e ciência base. Contudo, esse autor defende que é
justamente a clareza sobre essas duas esferas interdependentes do
fazer científico que permite o desenvolvimento de políticas para a
ciência, que não apenas favoreçam a comunidade científica, mas a
sociedade como um todo.
De modo geral, a ciência base faz parte do domínio dos
mestrados e doutorados acadêmicos, que têm como foco primordial a
pesquisa e a construção de saberes. Já a ciência aplicada é o foco
principal das graduações, especializações e mestrados profissionais,
visto seu objetivo na formação profissional. Mas no caso da ciência da
religião, isso ainda não é atendido. Pensar a ciência da religião
enquanto ciência aplicada ainda é algo novedio. Historicamente ela se
mantém no mundo todo como uma área fortemente academicista,
com foco quase que exclusivo na pesquisa. Por exemplo, na maior
parte do globo é mais comum encontrar cursos de pós-graduação do
que de graduações em ciência da religião. Nesse ponto, o Brasil
possui uma grande peculiaridade.
Por aqui, os primeiros cursos de graduação em ciência da
religião foram criados visando atender à demanda de formação de
professores para um novo modelo específico de ensino religioso
escolar não confessional. Esse movimento começou a ser traçado
no Brasil desde o final da década de 1960, na Universidade Federal
de Juiz de Fora, mas só ganhou força a partir do final da década de
1990, em universidades públicas de todo país. Para se ter noção do
ineditismo brasileiro, movimentos parecidos de conectar
explicitamente um ensino sobre religiões nas escolas com as
graduações em ciência da religião têm ainda desenvolvimentos
tímidos mesmo em países como Inglaterra ou Alemanha, mas, por
outro lado, há também casos mais bem-sucedidos, como na Suécia.