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WILL DURANT
A HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Tradução de LUIZ CARLOS DO NASCIMENTO SILVA
NOVA CULTURAL
Editora Nova Cultural Ltda.,
Copyright © desta edição 2000, Editora Nova Cultural Ltda.
Rua Paes Leme, 524 - 10º andar CEP 05424-010 - São Paulo - SP.
Coordenação Editorial: Janice Florido
Editora de Arte: Ana Suely S. Dobón
Paginação: Nair Fernandes da Silva
Edição Integral
Título Original: The story of Philosophy
Primeira Edição: 1926
Copyright © da tradução, 1991 by Distribuidora Record S.A. Copyright © da
língua inglesa, 1926, 1927, 1933 by Will Durant Copyright © renovado em
1954, 1955, 1961 by Will Durant Copyright © 2000 Editora Nova Cultural
Ltda.
Tradução de Luiz Carlos do Nascimento Silva, publicada sob licença da
Distribuidora Record de Serviços de Imprensa S.A., Rio de Janeiro.
Impressão e acabamento: Gráfica Círculo
ISBN 85-351-0695-2
A HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Nas páginas iniciais de A História da Filosofia, Will Durant adverte o leitor
para o fato de não ser esta uma história completa da filosofia, mas uma
tentativa de humanizar o conhecimento, concentrando a história do pensamento
especulativo em torno de certas personalidades dominantes. Não infundada era
a preocupação do autor, fruto de uma época em que o conhecimento humano se
tornara incontrolavelmente vasto e cada vez mais inacessível ao leigo. E foi
esse público numeroso e não especializado que acolheu, com grande
entusiasmo, a primeira publicação desta obra, em 1926. Ainda hoje, mais de
sete décadas depois, A História da Filosofia se constitui em uma das mais
importantes sínteses do pensamento filosófico ocidental.
Durant não excluiu de sua abordagem uma certa dose de humor, "não apenas
porque a sabedoria não é sábia quando espanta o divertimento, mas porque o
senso de humor, nascido da perspectiva, se torna um parente próximo da
filosofia". E foi buscando a leveza e a simplicidade das palavras que ele
compôs este livro, abrangendo desde a antiguidade clássica até a atualidade,
concentrando em um único volume as ideias fundamentais de Platão,
Aristóteles, Francis Bacon, Spinoza, Voltaire, Kant, Schopenhauer, Spencer,
Nietzsche e muitos outros. As áreas tradicionais da filosofia — lógica, ética,
estética, política e metafísica — são contempladas à luz do discurso e da vida
dos próprios filósofos. O caráter introdutório, mas extremamente abrangente
desta obra, confere-lhe o inegável mérito de despertar, naqueles que a
desfrutam, um real interesse pela leitura dos grandes filósofos.
Durante treze anos, Will Durant proferiu palestras sobre história, literatura e
filosofia, que lhe proporcionaram a base para seus trabalhos posteriores. O
grande sucesso de A História da Filosofia permitiu-lhe aposentar-se do
magistério e dedicar-se, ao lado de sua esposa Ariel Durant, ao grandioso
levantamento histórico que seria concretizado nos onze volumes que compõem
A História da Civilização.
À MINHA MULHER
Seja forte, minha companheira... para que possa ficar inabalada quando eu cair;
para que eu possa saber que os estilhaçados fragmentos de minha canção têm
em você melodia mais bela; para que eu possa dizer ao meu coração que você
começa onde eu, ao morrer, acabo, e passa a compreender mais.
PREFÁCIO À SEGUNDA EDIÇÃO AMERICANA
Apologia Pro Libro Suo
I
Meus editores pediram que eu aproveitasse o ensejo proporcionado por uma
nova edição de A História da Filosofia para discutir a questão geral dos
“esboços" e analisar algumas das deficiências do volume. Sinto-me satisfeito
por esta oportunidade de reconhecê-las e de expressar, com toda a debilidade
de simples palavras, a gratidão que sempre sentirei pela generosidade com a
qual, apesar de tantos defeitos, o público americano recebeu este livro.
Os "esboços" surgiram porque um milhão de vozes clamavam por eles. O
conhecimento humano tornou-se incontrolavelmente vasto; cada ciência gerou
uma dúzia de outras, cada qual mais sutil que as demais; o telescópio revelou
estrelas e sistemas em número tal, que a mente do homem não consegue contá-
los ou dar-lhes nomes; a geologia falou em termos de milhões de anos, quando
os homens, antes dela, haviam pensado em termos de milhares; a física
descobriu um universo no átomo, e a biologia encontrou um microcosmo na
célula; a fisiologia descobriu um mistério inesgotável em cada órgão, e a
psicologia, em cada sonho; a antropologia reconstruiu a insuspeitada
antiguidade do homem, a arqueologia desenterrou cidades e estados
esquecidos, a história provou que toda história é falsa e pintou uma tela que só
um Spengler ou um Eduard Meyer podia ver como um todo; a teologia
desmoronou, e a teoria política rachou; a invenção complicou a vida e a
guerra, e as doutrinas econômicas derrubaram governos e inflamaram o
mundo; a própria filosofia, que antes havia convocado todas as ciências para
ajudá-la a formar uma imagem coerente do mundo e fazer um retrato atraente
do bem, achou que sua tarefa de coordenação era prodigiosa demais para a
sua coragem, fugiu de todas essas frentes de batalha da verdade e escondeu-se
em vielas obscuras e estreitas, timidamente a salvo dos problemas e das
responsabilidades da vida. O conhecimento humano tornara-se demasiado
para a mente humana.
Tudo que restou foi o especialista científico, que sabia “mais e mais a respeito
de menos e menos", e o especulador filosófico, que sabia menos e menos a
respeito de mais e mais. O especialista passou a usar antolhos a fim de isolar
de seu raio de visão o mundo inteiro, à exceção de um pequenino ponto, ao
qual colou o nariz. Perdeu-se a perspectiva. Os "fatos" substituíram a
compreensão; e o conhecimento, dividido em mil fragmentos isolados, já não
gerava sabedoria. Toda ciência, e todos os ramos da filosofia criaram uma
terminologia técnica que só era inteligível para os seus adeptos exclusivos; à
medida que os homens iam aprendendo mais a respeito do mundo, viam-se
cada vez menos capazes de expressar, para seus semelhantes com instrução,
aquilo que haviam aprendido. O hiato entre a vida e o conhecimento foi
ficando cada vez mais amplo; aqueles que governavam não compreendiam
aqueles que pensavam, e aqueles que queriam saber não compreendiam
aqueles que sabiam. Em meio a uma erudição sem precedentes, florescia a
ignorância popular, que escolhia elementos seus para governar grandes
cidades do mundo; em meio a ciências subsidiadas e entronizadas como nunca
dantes, diariamente nasciam novas religiões, e velhas superstições
recapturavam o terreno que haviam perdido. O homem comum viu-se obrigado
a escolher entre um sacerdócio científico balbuciando um pessimismo
ininteligível e um sacerdócio teológico balbuciando incríveis esperanças.
Nessa situação, era clara a função do educador profissional. Deveria ter sido a
de mediador entre o especialista e a nação; aprender a linguagem do
especialista, tal como o especialista aprendera a da natureza, a fim de
derrubar as barreiras entre o conhecimento e a necessidade, e procurar para
verdades novas termos antigos que todas as pessoas com instrução pudessem
entender. Porque se o conhecimento se tornasse demasiado a ponto de não ser
transmitido, iria degenerar em escolástica e na dócil aceitação da autoridade;
a Humanidade resvalaria para uma nova era de fé, adorando a uma distância
respeitosa seus novos sacerdotes; e a civilização, que tivera a esperança de
progredir com base em uma educação amplamente disseminada, ficaria
precariamente baseada em uma erudição técnica que se tornara monopólio de
uma classe esotérica monasticamente isolada do mundo pela elevada taxa de
natalidade da terminologia. Não admira que o mundo inteiro aplaudisse
quando James Harvey Robinson fez soar o toque de retirada dessas barreiras e
de humanização do conhecimento moderno.
II
Os primeiros "esboços", os primeiros esforços de humanização do
conhecimento, foram os Diálogos de Platão. E possível que os “eruditos"
saibam que o Mestre escreveu dois conjuntos de obras — um, em linguagem
técnica, para seus alunos na Academia; o outro, um grupo de diálogos
populares destinados a atrair o ateniense de cultura mediana para o "caro
deleite" da filosofia. Para Platão, não parecia constituir um insulto à filosofia
o fato de ela ser transformada em literatura, representada como uma peça
teatral, e embelezada com estilo; e nenhum desdouro para a sua dignidade ao
ser aplicada, mesmo deforma inteligível, aos problemas vivos da moralidade e
do Estado. Por capricho da história, suas obras técnicas se perderam e as
populares permanecem. Por ironia da história, foram esses diálogos populares
que deram a Platão a reputação de que goza nas escolas.
Para nós, no entanto, a carreira do resumo começa com H. G. Wells. Os
historiadores não sabiam o que fazer com The Outline of History; o professor
Schapiro declarou que estava repleta de erros e classificou-a como obra de
educação liberal. Estava realmente cheia de erros, como tende a estar
qualquer livro que aborde um campo vasto; para uma só inteligência, porém,
foi um desempenho assombroso e estimulante. O gênio jornalístico do Sr. Wells
havia aliado os volumes ao movimento pela paz internacional, e os inscrevera
como uma equipe importante na "corrida entre a educação e a catástrofe".
Ninguém queria a catástrofe, e todo mundo comprou o livro. A história tornou-
se popular, e os historiadores ficaram alarmados. Agora, seria necessário que
eles escrevessem de maneira tão interessante quanto H. G. Wells.
Por estranho que pareça, dois deles escreveram. O professor Breasted, de
Chicago e do Egito, revisou e melhorou um velho livro didático, e o professor
Robinson fez o mesmo; uma editora arrojada reuniu a obra de ambos em dois
belos volumes, deu-lhes um título cativante — The Human Adventure — e
publicou o melhor de todos os esboços, uma obra-prima de exposição tão
autorizada quanto uma alemã e tão clara quanto uma gaulesa. No seu campo,
nada igualou esses volumes até agora.
Enquanto isso, Hendrik Willem van Loon havia se lançado à frente no mesmo
terreno, com uma caneta em uma das mãos, um lápis na outra e um brilho nos