Table Of ContentA Correspondência Completa de
SIGMUND FREUD
para
WILHELM FLIESS
1887 1904
—
Editado por
Jeffrey Moussaieff Masson
Coleção Analytica
Direção de
Jayme Salomão
IMAGO EDITORA LTDA.
Rio tic Janeiro
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte.
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
Masson, Jeffrey Moussaieff
M372c A correspondência completa de Sigmund Freud para Wilhelm
Fliess — 1887-1904 / Jeffrey Moussaieff Masson; tradução de
Vera Ribeiro. — Rio de Janeiro: Imago, 1986.
(Coleção Psicologia Psicanalítica)
Tradução de: The Freud/Fliess correspondence.
Apêndice.
Bibliografia.
1. Freud, Sigmund, 1856-1939. 2. Fliess, Wilhelm, 1858-1928.
I. Título. II. Série.
86-0179 CDD — 150.1952
CDU— 159.0 -05
A CORRESPONDÊNCIA COMPLETA DE
SIGMUND FREUD PARA WILHELM FLIESS
1887-1904
É provável que as cartas de Sigmund Freud a seu amigo mais íntimo,
Wilhelm Fliess, constituam, isoladamente, o mais importante conjunto do
documentos da história da psicanálise. Sem que jamais houvesse intençilo
de publicá-las, as cartas vão de 1887 a 1904, período que abarca o iuin
cimento e desenvolvimento da psicanálise. Durante os dezessete anos da
correspondência, Freud escreveu algumas de suas obras mais revolucio
nárias: Estudos sobre a Histeria, A Interpretação dos Sonhos, “A Etiologia
da Histeria” e o famoso caso clínico de Dora. Aqui apresentados, sem
nenhum corte, acham-se 133 documentos nunca trazidos a público anlü-
riormente, e mais 139 antes publicados apenas em parte. A traduçõo no
baseia num texto alemão novo e corrigido e as notas discretas íiuxilinm
o leitor nas alusões difíceis, mas permitem uma interpretação individual
do material apresentado.
É raro o criador de um campo totalmente novo do conhecimento lui
mano revelar, tão abertamente e com tantos detalhes, os processos do
pensamento que conduziram a suas descobertas. Nenhum dos escritos pos
teriores tem o imediatismo e o impacto dessas primeiras cartas, nem liim
pouco revela tão dramaticamente os pensamentos mais profundos dc ItcucI
cm pleno ato da criação. Aqui vemos Freud esboçar e aperfeiçoar
niiiin
teorias, sentir a rejeição dos colegas de ciência e vivenciar seu isolamcnlo
profissional. À medida que a amizade com Fliess cresce e se upmítindn,
os dois homens se encontram periodicamente para trocar idéias c apoiar no
mutuamente em seus esforços. Freud se volta cada vez mais para o amigo
enquanto “platéia de uma só pessoa”, mas, no final, é desdenhado limi
bém por Fliess.
Entremeados nas atividades intelectuais de Freud acham-se IrcdiuM
referentes aos acontecimentos do cotidiano — as artimanhas de ncun flllum,
suas férias de longas caminhadas, suas preocupações financeiras o noiis
esforços para deixar de fumar. Nenhuma biografia conseguiria rcltnliti
líio integralmente o homem multifacetado que ganha vida no texto desuni
cartas.
Joffroy Moussaicf Masson é ex-Diretor de Projetos dos Arquivos Nlu
muncl Freud. Suas publicações anteriores incluem 'lho Assaull oti 'iruth,
Voto iltt capa posterior: Sigmund Vrcud <• Wllhcim Fliess na dôcada
do I89U (cor(tala dc Sigmund Vrcud Copyrlglitt).
THE FREUD/FLIESS CORRESPONDENCE
© 1985 under the Berne Convention Sigmund Freud Copyrights Ltd.
© 1985 J. M.Masson for the editorial matter
Editoração
Coordenação editorial e gráfica: Márcia Salomão Pech e
Iza Marques da Silva
Tradução: Dra. Vera Ribeiro
1986
Direitos adquiridos por IMAGO EDITORA LTDA.
Rua Santos Rodrigues, 201-A — Estácio
Rio de Janeiro — RJ
Tels.: 293-1098 — 293-1092
Todos os direitos de reprodução, divulgação e tradução são reservados.
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida por fotocópia, micro
filme ou outro processo fotomecánico.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Sumário
Prefácio I
Observações sobre o método XIII
Abreviaturas das obras citadas XV
Introdução I
Primórdios da amizade 11
Tratamento da histeria 4't
A intensificação da amizade 71
O episódio de Emma Eckstein 107
Redefinição das neuroses 111
Isolamento da comunidade científica IM
Periodicidade e auto-análise 208
A teoria transformada 2(>1
A Interpretação dós Sonhos 104
O declínio da amizade 401
Fantasia ou realidade? 14 I
Dora c A Psicopatologia da Vida Cotidiana 427
O fim do relacionamento 410
Conclusão 460
Apêndice 471
Principais obras citadas 483
Índico 491
Ilustrações
Após a página n.°
I isln de cartas de Marie Bonaparte. (Pertencente à coleção 10
do organizador; encontrada na escrivaninha de Freud em
Mnrcsfield Gardens, Londres)
Freud c sua noiva, Martha Bernays. (Cortesia de 16
Miiry Evans/ Sigmund Freud Copyrights)
Mnlhilde Freud, a primeira filha. (Cortesia de
Mnry Iivans/Sigmund Freud Copyrights)
lilii liondy Fliess em 1892. (Foto da coleção do organizador, 30
presente de Elenore Fliess)
liicoh Fliess, pai de Wilhelm. (Foto da coleção do organizador,
presente de Elenore Fliess)
0 filho de Fliess, Robert Wilhelm (Foto da coleção do
oi’Hiuii/.ndor, presente de Elenore Fliess)
1 ininii Eckstein em 1895 (Cortesia da Sigmund Freud 114
Copyrights e da Biblioteca do Congresso)
Freud e Fliess na década de 1890 (Cortesia da Sigmund
Fieud Copyrights)
Aiiuilic Nmhanson Freud (Cortesia da Sigmund Freud 196
Copyrights c da Biblioteca do Congresso)
Incob Freud cm seu ultimo ano de vida (Cortesia da Sigmund
Freud Copyrights e da Biblioteca do Congresso)
A enrln de 21 de setembro de 1897 (Cortesia da Sigmund 268
I ioud Copyrights e da Biblioteca do Congresso)
Alauns Angulos da casa de IX, Berggasse n.° 19 (Foto do 314
vntlfhiilo por cortesia de Lee Miller Archives; foto do exterior
pm i'orlcsin de Basic Books e Mary Evans/Sigmund
I um u 1 Copyrights)
A l'nmflln l''reud no jardim da casa (Cortesia da Sigmund
Freud Copyrights)
Wilhelm Fliess na velhice (Cortesia de Mary Evans/Sigmund 374
ItoikI Copyrights)
Ioni'I i- Mulhildc Breuer (Da coleção da família)
l)un* (Ins Iris filhas de Freud (Cortesia da Sigmund Freud 440
CopyiiuhtN e dn Biblioteca do Congresso)
()n Ir#* filhos do Freud (Cortesia da Sigmund Freud
Copyrights e da Biblioteca do Congresso)
VI
Prefácio
A publicação de As Origens da Psicanálise, primeiro em alemão, em 1950,
e depois em inglês, em 1954, como uma edição selecionada das cartas de
Sigmund Freud a Wilhelm Fliess, estimulou o desejo de todos os leitores
— inclusive o meu — de contar com uma edição completa e não abre
viada desses documentos extraordinários. Procurei uma das filhas dc
Freud, Anna, em 1978, e falei-lhe sobre meu interesse e minha certeza
de que as cartas não publicadas conteriam informações valiosas. Ela me
facultou o acesso aos documentos datados a partir de 1897 e, quando
consegui mostrar-lhe que de fato continham um material significativo paru
os historiadores da psicanálise, ela se dispôs a considerar a idéia dc per
mitir que fosse publicada uma versão completa das cartas. Mas foi so
mente quando K. R. Eissler, amigo íntimo e assessor de confiança da
Srta. Freud, uniu sua voz à minha que ela acedeu inteiramente e concor
dou em me deixar preparar uma nova edição. Na época, não me apercebi
de quão complicada se tornaria essa tarefa, de quanto esforço implicaria,
quantos países teriam que ser visitados, quantas bibliotecas vasculhadas
e quantos documentos pesquisados. Quando cheguei ao término do trn
balho, 133 itens da correspondência, não publicados anteriormente, li
nham-se acrescentado aos 168 documentos apresentados, na íntegra ou
cm parte, nas Origens.
É um empreendimento arriscado organizar uma obra dessa magnitu
de, que tende a modificar a imagem de um grande homem. Mesmo assim,
penso que a maioria dos leitores concordará em que um Sigmund Freud
mais humano e mais passível de ser benquisto emerge desta versão com
pleta de suas cartas a Fliess. É também fato que a exposição mais integral
das idéias dele sobre algumas de suas principais teorias contrasta nltl-
damente com a versão que Freud apresentou à posteridade, muitos anoN
depois, cm suas obras publicadas. Talvez isso seja inevitável. íí igual
mente inevitável que o acesso a obras que nunca se destinaram ã puhll-
cação Imponha ao historiador imparcial algumas conclusões difíceis e,
por vezes, impopulares. Nesla nova edição, tentei apresentar as OBrlni Iflo
VII
objetivamente quanto possível e me abstive de fazer quaisquer interpre
tações ou julgamentos pessoais.
Anna Freud, uma vez tomada a decisão de permitir a publicação das
cartas, cedeu seu tempo e conhecimentos com generosidade infalível.
Passei grande parte do tempo em sua casa, em Maresfield Gardens, Lon
dres (que fora também a casa do pai dela no último ano de vida), lendo
na biblioteca particular de Freud e vasculhando gavetas e armários, em
busca de documentos que pudessem esclarecer algumas das alusões cons
tantes das cartas de Freud a Fliess. Tive muitas conversas com Anna
Freud sobre as cartas e seu conteúdo. Ambos fomos rapidamente toma
dos pela excitação de esquadrinhar meticulosamente a escrivaninha de
Freud e ali encontrar documentos que há muito se considerava perdidos.
Creio que a Srta. Freud se apercebeu de quanto material estava ainda
por ser descoberto e da alegria que havia em localizar parte dele. Ela
decerto compartilhou comigc o prazer considerável que se podia vivenciar
na espécie de trabalho detetivesco envolvido na compilação dessas cartas.
Minha gratidão primordial, portanto, vai para a falecida Anna Freud,
por suas muitas gentilezas para comigo. Além disso, sem a assistência de
K. R. Eissler este projeto nunca poderia ter-se iniciado. Ele doou genero
sa mente seu tempo e energia e facilitou-me o acesso, na Biblioteca do Con
gresso e em outros locais, a um vasto reservatório de documentos origi
nais, muitos dos quais enriqueceram os comentários do presente volume.
Todos os que se interessam por essas cartas têm uma dívida especial
dc gratidão para com Marie Bonaparte, por ter ela resgatado os documen
tos originais, e para com Ernst Kris, juntamente com Anna Freud, pela
primeira edição delas.
Lottie Newman, escolhida como tradutora por Anna Fseud, preparou
o primeiro rascunho da íntegra da tradução e o comparou com toüas as
li aduções já existentes. Fez também muitas sugestões valiosas e críticas
excelentes dos rascunhos posteriores. Gerhard Fichtner é responsável pelo
lexto alemão em que se baseia a nova tradução. É desnecessário dizer que,
sem a ajuda dele, este volume não teria sido possível. Fichtner arranjou
lempo, em sua agenda repleta na Universidade de Tiibingen, para vir a
Herkeley, na Califórnia, onde eu estava trabalhando, oferecer-me seu apoio
abalizado. Marianne Loring, minha assistente de pesquisa, merece grande
parcela do crédito pela versão final. Da mesma forma, inúmeras notas
devem muito a sua habilidade comc pesquisadora. Ela foi minha parceira
intelectual durante os seis anos da compilação deste trabalho e não é
exagero dizer que eu não teria conseguido efetuá-lo sem a ajuda estimu
lante, desprendida e habilidosa de Marianne. O livro, portanto, deve sua
forma atual à ajuda dessas três pessoas: Lottie Newman, Gerhard Fichtner
0 Marianne Loring. Sou mais grato a todos eles do que me é possível
expressar em palavras.
Ao longo de toda esta obra, recebi o apoio de Mark Paterson, diretor
cxectilivo da Sigmund Freud Copyrights. Ilse Grubrich-Simitis esteve sem-
VIII
pre pronta a dar-me uma orientação valiosa. Muriel Gardiner mostrou-sc
entusiasmada com o projeto desde o início. E a falecida Elenore Fliess,
viúva de Robert, filho de Wilhelm Fliess, transformou-se numa amiga
pessoal durante a redação deste livro. Lamento que não tenha vivido o
bastante para ver a obra impressa; sei que isso lhe teria dado um grande
prazer.
Arthur Rosenthal, diretor da Harvard University Press, forneceu-me
um apoio firme e sistemático ao longo de toda a compilação desta nova
edição. Vivian Wheeler foi a revisora ideal — diplomática, prestativa e
sènsata — e foi um privilégio trabalhar com’ ela.
Algumas das cartas incluídas neste volume vieram da Biblioteca Na
cional e Universitária Judaica, em Jerusalém, onde tinham sido deposi
tadas pela filha de Fliess, Pauline Fliess Jacobsohn. Peter Swales chamou-
me a atenção para elas e sou grato à Sra. Jacobsohn pela permissão de
usá-las. A Princesa Eugênia, da Grécia, teve a bondade de facultar-me
o uso de trechos do caderno de notas de Marie Bonaparte.
John Broderick, Paul Hefron e, em especial, Ronald Wilkinson e n
equipe da Divisão de Manuscritos da Biblioteca do Congresso mostraram
se permanentemente dispostos a ajudar-me a localizar materiais de difícil
acesso e a fornecer-me cópias de tudo aquilo de que precisei.
Albert Dickson, Alian Keiler e Michael Schrõter fizeram diversa»
correções proveitosas na tradução final.
Gostaria também de agradecer às seguintes pessoas, que me assisl i
ram de diversas maneiras: Angela Harris, Susan Mango, Annie Urbach,
Robert Wallerstein e Trude Weisskopf.
Um trabalho dessa magnitude não poderia ser executado sem assÍN-
tência financeira. Pela ajuda generosa que me foi prestada, agradeço h
Fundação New Land, ao Fundo de Pesquisa Psicanalítica da Associaçao
Psicanalítica Norte-Americana, à Biblioteca Nacional de Medicina e ao
Fundo Nacional de Ciências Humanas.
J.M.M.
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